A propósito da escrita e do políticamente correcto, saíu na Xis deste fim-de-semana uma reportagem sobre o tema, “Dislexia Diferença e não Doença”.
Não querendo atacar, de forma alguma, o texto certamente bem intencionado e bem estruturado da Jornalista Ana Gomes, não deixa de me incomodar no entanto esta prisão linguística que foi impreguenado no discurso moderno, o tão chamado e utilizando um jarguão jornalístico, políticamente correcto. Essa clausura da palavra, que leva a um suavizar das expressões e que embora sirva para impedir que se firam susceptibilidades em pessoas mais sensíveis, retira a carga dramática que os substantivos e adjectivos utilizados para tipificar as questões devem ter.
Olhando esta peça escrita para informar, encontrei o mote para este texto que andava a remoer, palavras brandas retiram por vezes a profundidade ao problema, e embora compreenda a gravidade do tema em questão e a necessidade de uma abordagem sensível, pois a reportagem trata de uma deficiência que eu proprio carrego. Não deixo de encontrar em palavras como “diferença” ou “perturbação” um escape fácil para categorizar uma deficiência. Percebo a razão de tal acontecer, mas sinto um, e esse sim perturbador, incómodo nas palavras. Não só carregam dentro delas um suavizar do problema, como ainda o lançam para uma dimensão quase metafórica, tornando-o numa simples alegoria e dando-lhe um facilitismo como se a disléxia ou outra qualquer deficiência fosse algo fácilmente ultrapassável. Como se essas deficiências pudessem ser em algum momento vencidas, e não fossem elas proprias um peso gigantesco e uma grande limitação para quem teve o infortúnio de as ter.
Palavras ou expressões como essas já mencionadas, ou ainda como: distúrbio cognitivo, fora do normal , desvantagem, incapacidade. Carregam dentro delas uma abordagem de incompreensão da causa que me assusta e quase ofende. Um disléxico é um deficiente com dificuldade na escrita, tal como um coxo é uma pessoa que têm uma deficiência no andar e não uma pessoa com uma perturbação no andar como já os vi serem referidos antes. De uma perturbação no andar pode ser entendido como alguém que entre cada passo sapateia flamengo e não é esse o seu problema mas sim um mancar.
Termino por dizer, que eu pessoalmente enquanto Disléxico prefiro que me tratem por deficiente do que cedam a esse depersonalizar do Léxico, que é o políticamente correcto, e me tratem por diferente, perturbado, transtornado ou portador de um disturbio. Eu sou sim, e já não carrego traumas disso, um Disléxico e sem grilhetas nas palavras um Deficiente.
Não querendo atacar, de forma alguma, o texto certamente bem intencionado e bem estruturado da Jornalista Ana Gomes, não deixa de me incomodar no entanto esta prisão linguística que foi impreguenado no discurso moderno, o tão chamado e utilizando um jarguão jornalístico, políticamente correcto. Essa clausura da palavra, que leva a um suavizar das expressões e que embora sirva para impedir que se firam susceptibilidades em pessoas mais sensíveis, retira a carga dramática que os substantivos e adjectivos utilizados para tipificar as questões devem ter.
Olhando esta peça escrita para informar, encontrei o mote para este texto que andava a remoer, palavras brandas retiram por vezes a profundidade ao problema, e embora compreenda a gravidade do tema em questão e a necessidade de uma abordagem sensível, pois a reportagem trata de uma deficiência que eu proprio carrego. Não deixo de encontrar em palavras como “diferença” ou “perturbação” um escape fácil para categorizar uma deficiência. Percebo a razão de tal acontecer, mas sinto um, e esse sim perturbador, incómodo nas palavras. Não só carregam dentro delas um suavizar do problema, como ainda o lançam para uma dimensão quase metafórica, tornando-o numa simples alegoria e dando-lhe um facilitismo como se a disléxia ou outra qualquer deficiência fosse algo fácilmente ultrapassável. Como se essas deficiências pudessem ser em algum momento vencidas, e não fossem elas proprias um peso gigantesco e uma grande limitação para quem teve o infortúnio de as ter.
Palavras ou expressões como essas já mencionadas, ou ainda como: distúrbio cognitivo, fora do normal , desvantagem, incapacidade. Carregam dentro delas uma abordagem de incompreensão da causa que me assusta e quase ofende. Um disléxico é um deficiente com dificuldade na escrita, tal como um coxo é uma pessoa que têm uma deficiência no andar e não uma pessoa com uma perturbação no andar como já os vi serem referidos antes. De uma perturbação no andar pode ser entendido como alguém que entre cada passo sapateia flamengo e não é esse o seu problema mas sim um mancar.
Termino por dizer, que eu pessoalmente enquanto Disléxico prefiro que me tratem por deficiente do que cedam a esse depersonalizar do Léxico, que é o políticamente correcto, e me tratem por diferente, perturbado, transtornado ou portador de um disturbio. Eu sou sim, e já não carrego traumas disso, um Disléxico e sem grilhetas nas palavras um Deficiente.
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