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Um problema menor

Como sempre, quando cheguei de ferias, tinha o meu mail box com 298 mensagens.
Comecei a separar o trigo do joio e sobrou apenas uma, o que demonstra a utilidade real das nossas tecnologias, na realidade o mail box deveria ser um junk box de onde se poderia retirar o que interessa, não faria grande diferença mas seria mais honesto.
Voltando ao que interessa, sobrou uma mensagem importante, era do meu irmão, passando o pessoal pois isso redundantemente é pessoal e não vos diz respeito, ele comentava a proposito deste Blog: - "...nunca falámos sobre a tua dislexia que, para mim, sempre me pareceu ser um problema "menor"...
Tendo em consideração que ele é o meu unico leitor, resolvi dicertar um pouco sobre esta questão, o tamanho do problema que é ser diléxico.
Começo por dizer que para mim seria de facto um grande problema se eu pretendesse ser escritor, tal como seria eu querer ser pintor com a falta de talento que tenho para o desenho.
Não dramatizando o tema pois não é esse o objectivo da existencia deste site, o problema é real, não lhe chamo "grande", pois para min problemas grandes são outros, a vida já me mostrou, varias vezes, que tendemos a agigantar os problemas que se nos deparam, e eu aprendi que cabe a nós redusi-los ao seu tamanho real.
No entanto e voltando a trás, é um problema real, que faz da vida de um dislexico, uma espécie de jogo do rato e do gato.
A sociedade, tenda a força e sem a menor maldade obrigar um Diléxico a escrever(confirmapor mail, manda-me um fax com isso, fás uma proposta por escrito,etc...), e o Disléxico faz um grande esforço para fugir com o rabo á seringa, infelismente, e embora o disléxico desenvolva uma porrada de mecanismo de esciva, nem sempre é pocivel escapar a uma seringada nas nadegas.
Sito para isso um dos momentos mais sarcásticos da minha vida, demostrativo de como a sociedade nos empurra contra a parede.
Em 1989, apresentei-me com cidadão exemplar que sou á inpeção militar, fora de epoca pois tinha-me enganado a prencher os papeis mas isso é outra estoria, acompanhado pelo meu atestado de Disléxia.
Não porque achasse que o atestado me iria fazer escapar á tropa, pois para dar tiros não é preciso saber escrever fluentemente, mas apenas para me evitar problemas postriores, confiante que assim seria obviamente colocado numa função que dispensasse a escrita, sei lá, minas e armadilhas, atirador ou corneteiro.
Em 1991 foram publicados os editais e como é obvio, as Forças armadas demontraram como sempre a sua sencibilidade para resolver problemas e colocaram-me como operador de Telex.
É sempre bom ser um operador de telex dislexico, dasse um novo sentido á cripta, por mais que tentem os serviços secretos internacionais nunca conseguirão descodificar as mensagens, o unico problema é que os gajos do outro lado da linha tambem não.

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