Skip to main content

Nesta Lingua?

“- O que é que estás a fazer?… A Escrever?… Mas tu não sabes escrever, pelo menos, nesta lingua!…”
Foi o que me foi dito hoje pela manhã, pela minha coleguinha do lado. Se ela não passasse a vida a corrigir os meus textos proficionais, quase que ficaria furioso, mas ela lê aquilo que eu escrevo e corrige, tornando a minha imagem profissional um pouco menos negra, e como tal, deve saber o que fala.
Mas volto aqui ao começo ou pelo menos à parte final do mesmo, “-Tu não sabes escrever, pelo menos nesta lingua!…”. É uma pena, a minha Mãe, professora de Português, bem tentou ensinar-me a bela lingua do “Poeta”, e eu, nada! Indiferente ao seu encanto devido ao meu autismo linguistico desenvolvi a minha propria lingua.
Um linguajar mais percetivel que o Mirandês, mas completamente aleatorio, muda constatemente, enebria-me e chega a confundir o proprio orador.
Quem me dera que, ao menos, fosse uma Lingua morta como o Latim, assim não teria evoluções constantes e talvez um dia eu conseguisse decorar as suas regras e saber onde raio caem os S’s e os Ç’s e onde param os AM’s e os Ão’s.
Mas não! Nasci com uma lingua própria, que ganha formas e mais formas como se do Itunes se tratasse. Chama-se uma “Lingua Viva”, vivérrima, louca e solta. Salta e foge! Dança a seu belo prazer!
E eu, aqui estou a olhar para ela enquanto se move. Infelizmente é, uma dançarina do ventre, descordenada e barriguda como o proprio autor, o que a torna estranha, quase cómica. E é essa mesma lingua que me diverte enquanto aqui escrevo, com a sua personalidade propria, e com o exercicio constante que faço para a tentar contornar ou dançar com ela de forma a colocar um sentido ás palavras.
Danço assim uma louca “Tarantulada” em Português, ou devo Dislexês?

Comments

Humor Negro said…
Dislexia é uma forma de criatividade comandada pela ditadura de um cérebro rebelde.
Podes crer! É uma verdadeira parodia criativa! Um abraço.

Popular posts from this blog

A.A.

Falar para um grupo de terapia é sempre constrangedor, já se esteve ali sentado a ouvir os outros, já se conhece o molde em que é feito, mas tudo o que se possa dizer parece agora pouco, o que nos levou lá parece insignificante perante as outras vidas. Ele estava ali em pé parado, silencioso perante um grupo que o olhava ansioso, esperando a relativização dos seus próprios problemas. Se o seu mentor não o tivesse empurrado, nunca teria tido sequer a coragem de tentar. Sabia que tinha de começar, só que na garganta estava um nó que lhe negava o verbo. Começou por balbuciar imperceptíveis palavras, entre gaguejos e entaramelares, a sua vida foi aparecendo lentamente. O olhar atento dos outros motivou-o a continuar. A sua vida era um caos, nascera debaixo de uma austera educação católica que o levara a tornar-se num menino da Igreja devoto e solidário, uma boa alma virtuosa, incapaz de pecar. Vivia uma existência crente que lhe criara bloqueios, num mundo agressivo e violento que con...

Ler nas entrelinhas!

Ler nas entrelinhas, é uma dadiva dos disléxicos, vivemos na emoção de ver o que lá existe, podemos não ler palavras, saltar linhas sem perder o sentido e ver outros sentidos no que se escreve, lê ou vê. Os significados ocultos são-nos facultados como por artes mágicas, e sentimos realsar os pontos que não nos querem mostrar. Escrevo isto a proposito da comonicação social, passei as minhas ultimas férias a devorar jornais e revistas. A idade tem destas coisas, uma pessoa vai envelhecendo e vai começando a preocupar-se com o mundo, saimos da irresponsabilidade para a preocupação mesmos antes do desencanto que antecede o ponto final paragrafo, e lá está, passei mais uma vês pelas linhas da vida saltando o seu conteudo. Mas voltando ao que interessa, a imprensa escrita, o que eu retirei desta leitura ineterrupta, foi simples, quase tudo o que lá encontrei era digno de pular, bastava uma ou duas entrelinhas para se perceber, a escrita é desinteressante, e os temas são filtrados deformado...

Deus perdoa, eu não.

Vai rápido na sua lambreta, sem medo de nada, não há perigo que assuste Amilcar, cresceu a trabalhar pedra e o mármore faz de um homem um duro. A pressa que o leva é o amor ao seu Benfica, tem de chegar ao Preto & Branco antes que o jogo inicie. De Pêro Pinheiro ao Algueirão Velho ainda é um esticão, mas ali no P&B sempre há as gajas para comemorar a vitória. Finalmente chega ao seu destino, desmonta da Zundap sem perder a pose, sai calmo, tira o capacete naquele gesto que o caracteriza, puxa o escarro do pó que carrega nos pulmões, lança com desprezo para o chão aquela morte que vem dentro dele por nunca usar a máscara, pois isso não é coisa de homem. Entra no P&B, para trás deixa a moto que no depósito tem escrito a frase que tudo diz sobre ele: “Deus Perdoa, eu não.” O jogo começa, pede cerveja, uma a seguir à outra entremeada de 1920, pois vai ser um dia de festa e Amilcar não quer perder nem um segundo. O jogo vai correndo, a cerveja embriagando e o ânimo crescendo. Já...