O homem fixa o Burro nos olhos. Imperativo, cheio de certeza, diz-lhe no seu tom mais afirmativo: “Anda Burro!”.
O Burro, burro como é, fica parado. Olha estático o homem, no seu olhar vago. Fosse o homem um fardo e o burro agiria, mas o homem é só o homem e nem sequer é o seu dono.
O homem insiste já desesperado, na inquietude normal de quem olha para o Burro e grita vezes sem fim: “Vai burro, anda!”
E o Burro, burro como ele é, fica parado a olhar. Não sabe como agir e mantém os quatro membros estáticos.
O homem, em pleno desespero, e aproveitando estar a sós com o Burro, tenta explicar: “Põe uma pata para a frente, Burro. Vá Lá! Por favor.”
Mas o problema mantém-se o Burro é um Burro, e burro como é não fala a língua do homem, e tudo o que o dono lhe ensinou daquele linguajar foi Arre Burro e Yohoo e mesmo assim naquela pronúncia do interior que não é a do homem. E assim o Burro se fica e o homem se irrita.
O homem grita e argumenta, e o burro parado de olhos baços tenta inglório entender, mas o seu conhecimento não vai tão longe. Ainda se o homem fosse um fardo de palha ele saberia o que fazer, mas não é.
E o homem grita louco, argumenta deseperado com tudo o que lhe ocorre, e o Burro nada, não entende.
O Burro já desesperado zurra convicto tentando dizer ao homem, ainda se fosses um fardo de palha.
Mas o homem é só um Homem, e não compreende o zurrar. Eles falam línguas diferentes, não a mesma. O homem não sabe mais o que fazer, já prometeu mundos e fundos, cenouras e cubos de açúcar, fardos de palha e centeio do melhor. E o burro, nada. Ali estático com olhar vago. Já o açoitou, e ele nada, só zurra como resposta.
Finalmente o homem desiste, ele só queria subir o monte mas nada pode contra a ignorância do Burro. Vira as costas e vai embora, não tem outro remédio. Quanto ao Burro, lá fica ele parado de olhar vazio. E quanto a mim, identifico-me com o Homem, de tempos a tempos dou de caras com uma pessoa que não fala a minha língua mesmo sendo da minha espécie e do meu País. Fala de mercearia barata e eu de qualidade no meu trabalho, e eu argumento, açoito, grito desesperado e por fim desisto, viro as costas e subo o monte a pé. O ùnico problema é que, ainda por cima, tenho de levar a mercearia barata do Burro ás costas.
O Burro, burro como é, fica parado. Olha estático o homem, no seu olhar vago. Fosse o homem um fardo e o burro agiria, mas o homem é só o homem e nem sequer é o seu dono.
O homem insiste já desesperado, na inquietude normal de quem olha para o Burro e grita vezes sem fim: “Vai burro, anda!”
E o Burro, burro como ele é, fica parado a olhar. Não sabe como agir e mantém os quatro membros estáticos.
O homem, em pleno desespero, e aproveitando estar a sós com o Burro, tenta explicar: “Põe uma pata para a frente, Burro. Vá Lá! Por favor.”
Mas o problema mantém-se o Burro é um Burro, e burro como é não fala a língua do homem, e tudo o que o dono lhe ensinou daquele linguajar foi Arre Burro e Yohoo e mesmo assim naquela pronúncia do interior que não é a do homem. E assim o Burro se fica e o homem se irrita.
O homem grita e argumenta, e o burro parado de olhos baços tenta inglório entender, mas o seu conhecimento não vai tão longe. Ainda se o homem fosse um fardo de palha ele saberia o que fazer, mas não é.
E o homem grita louco, argumenta deseperado com tudo o que lhe ocorre, e o Burro nada, não entende.
O Burro já desesperado zurra convicto tentando dizer ao homem, ainda se fosses um fardo de palha.
Mas o homem é só um Homem, e não compreende o zurrar. Eles falam línguas diferentes, não a mesma. O homem não sabe mais o que fazer, já prometeu mundos e fundos, cenouras e cubos de açúcar, fardos de palha e centeio do melhor. E o burro, nada. Ali estático com olhar vago. Já o açoitou, e ele nada, só zurra como resposta.
Finalmente o homem desiste, ele só queria subir o monte mas nada pode contra a ignorância do Burro. Vira as costas e vai embora, não tem outro remédio. Quanto ao Burro, lá fica ele parado de olhar vazio. E quanto a mim, identifico-me com o Homem, de tempos a tempos dou de caras com uma pessoa que não fala a minha língua mesmo sendo da minha espécie e do meu País. Fala de mercearia barata e eu de qualidade no meu trabalho, e eu argumento, açoito, grito desesperado e por fim desisto, viro as costas e subo o monte a pé. O ùnico problema é que, ainda por cima, tenho de levar a mercearia barata do Burro ás costas.
Comments
B.
Bom blog, este.