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O pequeno homem.

O homemzinho, pequenino sai de casa. Infeliz vai andando, olha para o chão, encolhido na sua pequenês, esmagado pela grandeza que o rodeia, vive acossado pelo mundo, derrotado pelos embates gigantes que ocorrem constantemente. Vai pequeno, comprimido na sua insignificancia a olhar para baixo porque o que está em cima assusta. Pequeno, tem medo de ser esmagado.
Mas o homemzinho nem sempre foi pequeno, foi a vida que assim o moldou. Nasceu grande, forte, mas cada vez que fazia algo embatiam contra ele, saltavam em cima dele porque simplesmente existia e era grande, os homens não se querem grandes, querem-se pequenos, ordeiros e obedientes, e ele contrariava a tendência e reclamava o direito a ser grande, a ser maior que os outros, a olhá-los de cima.
A principio tentou resistir, disse a si proprio que não se deixaria esmagar, que era grande e forte, mas o que o rodeava, era maior e destruidor.
Lutou sem parar e foi-se cansando, finalmente baixou os braços porque já não os aguentava erguidos. Depois desse momento foi-se encolhendo até ao ponto de começar a mirrar.
A sociedade não lhe perdoara o atrevimento de tentar ser grande, foi-lhe tirando tamanho e enfezando-o sem mesericordia, os homens grandes são os inimigos do rebanho, têm de ser formatados ao tamanho standart social, têm de ser encolhidos e transformados em pequenos seres obedientes, silenciosos e anonimos.
O homem pequenino, lá ia a olhar para o chão, mas naquele dia como já há muitos dias, acordara a pensar no tempo em que era grande, dentro daquele pequeno peito começara a haver uma pressão grande. Era a raiva da memoria de um tempo em olhava de cima os outros, em que se orgulhava de ser grande enquanto homem. De um tempo em que a sua vontade era suberana, em que vivia sem medo, em que orgulhoso lutava, para que as coisas fossem da maneira que ele queria, e não da maneira que outros achavam que devia ser.
O pequeno homem foi andando, o seu cerebro era todo ele memorias, a revolta foi crescendo e o aperto no peito aumentou quase até o sufocar. De um momento para o outro sentìu uma vontade louca de gritar, inspirou fundo uma quantidade de ar que aparentemente o seu enfezado corpo não teria capacidade de conter. Mas o seu peito insuflou cresceu, parceu que ia rebentar mas aguentou. A sua cabeça ergueu-se, de novo empinou o nariz como outrora fizera quando ainda era grande, abriu a boca e vociferou um grito de revolta, nunca antes ouvido, continuou a berrar sem fim, grandioso na sua revolta redescoberta. Á sua volta tudo começou a ficar pequeno, ele era de novo o homem grande e forte o seu berro era esmagador, dominador.
O homem grande encontra-se actualmente internado no Hospital psiquiatrico do Telhal, os seus berros ainda sõ por lá ouvidos. No seu medo de encolher de novo, nunca mais calou aquele berro de grandeza e a sociedade assutada achou por bem fechar aquele grande homem num pequeno quarto almofadado.

Comments

Lino Gomes said…
Talvez não devessemos querer ser maiores ou menores que os outros. Sermos nós próprios já dá tanto trabalho, para quê comparar?
Sem duvìdas, mas o facto é que tendemos a ser minimisados pela sociedade. Não se trata na realidade de ser maior mas sim de ser grande. E isso não é orgulho, normalmente é desperdicio, somos apenas convertidos em pequenos fasedores de coisa nenhuma em vez de crescermos e sermos uteis. Mas pronto é só uma visão da sociedade.
mjm said…
Ora, disléxico, aqui está uma bela explanação da força da maioria :)
Essa alternância de 'tamanho' depende tanto de pressões, hein? ;)
Nem mais nem menos! Formatar, modelar e standartizar é a tendência humana.

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